quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Nariz em Casa

O Início.

Adio o máximo que posso. Enfim, respiro fundo e coloco o nariz.
Tem que ser, será.
Saio do meu quarto. Entro no quarto das filhas.
Elas vêem televisão.
Olham pra mim: “o que é isso mãe?”
A outra complementa rindo: “só tem doido nessa casa”.
Não respondo a pergunta. Apenas sorrio.
Continuam vendo TV, mas sempre me olham com cara de:
“o que é isso mãe?”
Começo a conversar sobre várias coisas, como sempre.
Elas conversam comigo, mas estão mais divertidas.
Acho que o nariz as torna mais risonhas.
Fungo, como faço, às vezes. Naturalmente.
Elas explodem numa gargalhada.
Daí em diante, toda vez que fungo, e são muitas,
Nada planejado, talvez pelo cheiro de látex,
Elas riem, riem muito.
Não preciso de mais nada para provocar graça. Apenas fungar.
Os olhos saem da TV, olham pra mim. Risadas.
Olho pra elas. Risadas.
Voltamos a ver TV.
“mãe, me faz uma massagem de nariz?”Tô cansada. Fungo. Risadas.
Desço pra sala. O marido vê TV. Me olha e sorri.
Tem que usar o nariz em casa?
É... Tenho.Falamos sobre o que está passando na TV. Normal.
Vemos TV em silêncio. Fungo.
Imediatamente ele olha pra mim e ri.

A voz é minha e também ajo como no cotidiano.
Não tive uma grande vontade que me fizesse agir como palhaça.
Talvez pelo momento. Fim do dia. Todo mundo relaxado vendo TV.

Ele vai preparar um lanche.
Fico sozinha. Sou a Márcia. Com nariz. A Sebastiana está comigo.
Mas quietinha. Lá dentro. Me sinto incompleta.

“Esse nariz é de outra pessoa, que sou eu e não sou.
Então é só um nariz.
E somos duas. Eu e ela. Ela e eu

Um comentário:

Ruth Mezeck disse...

Muito bom. Palhaça pura. Depois dessa, me animei para brincar com o nariz.
Parabens pelotexto também. Beijos.
Voltarei sempre.